quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O que estamos ouvindo?



A juventude brasileira cada vez mais ouve um tipo de música com refrão fácil de decorar, aqueles que falam sobre o desejo sexual, traição e o ato sexual imediato, carros caríssimos, roupa de marca, bebidas, o desejo de vingança por ter sido traído, ou de vingança por ser trocado por outra pessoa,  além de reforçar outros  comportamentos  que se tornaram símbolos de uma sociedade sem sucesso afetivo, mas que também falam sobre ostentar um poder aquisitivo que a maioria das pessoas não atingiram. Para muitos jovens, ser pós-moderno é ser assim, ouvir isso... A música reflete aspectos sociais que se originam em comportamentos e originam outros, a música então reproduz símbolos sociais.

Propagados pela música, os comportamentos dessa juventude que cultua ao sexo, a farra, apoia a vingança afetiva e espalham também muitos erros de português, representando ainda uma sociedade que vive de aparências e não aceita receber um não,  e estes jovens  geralmente sustentados pelos pais, e por sinal, pais em sua maioria assalariados , e muitos destes  pais já não tem controle sobre seus filhos, aqueles que passam a noite na farra com os amigos, dentro de carros com paredões que estouram a ordem das ruas por onde passam, desrespeitando o direito dos que desejam silêncio, filhos também que no exercício desta liberdade pós-moderna, estão em contato com as drogas, sexo livre e inconsequente, se relacionando rapidamente com pessoas que são rapidamente descartadas, pois a juventude de hoje consome tudo muito rápido, como se tudo fosse descartável, assim como fazem com as músicas que ouvem nas noitadas: ouviu, curtiu, farreou, pegou  a gata, tá na moda, já foi moda, já era, tchau!.

Músicas desse tipo, simbolizam um novo perfil comportamental e ideológico de muita gente por aí: “eu posso fazer tudo”, mas não me preocupo muito com o futuro, minha ideologia é o momento, farra, curtição, ter grana para gastar e atrair pessoas para o ato sexual, ostentar a imagem do garanhão pegador ou da pegadora, uma pessoa com recursos financeiros para bancar a  farra e se mostrar no meio social como o (a) poderoso (a) do grupo e do local...

Já tivemos ideologias melhores, comportamentos mais conscientes e evoluídos, sentimentos mais nobres,  e consequentemente, fruto de uma sociedade que desejava um futuro sólido, uma sociedade mais justa, mais consciente, diferente desta sociedade individualista, frágil, ferida (por não saber lidar com as desilusões e escolhas frustrantes as quais vivenciaram, coisas que fazem parte do nosso processo de amadurecimento natural), uma juventude que não sabe receber um não, uma sociedade que ao crescer, se apresenta como adultos frágeis, imaturos, fúteis, alienados,  intocáveis, egoístas, egocêntricas e alienados, geralmente, filhos cujos pais não souberam impor limites, pois os pais de hoje dizem não aos filhos e voltam atrás, com remorso ou medo de fazer suas crianças sofrerem ou deixarem de amar aos pais, assim, nossos jovens crescem sem orientação, limites, respeito aos demais, ao meio ambiente e a si próprios, sem ideologia ou planejamento para o futuro.

Esta sociedade que até agora devora seus próprios símbolos irrefletidamente, como a música atual bem representa nas letras que os jovens ouvem nas noitadas nas quais seguem agindo instintivamente, utilizando os bens naturais, materiais e dos afetos alheios sem pensar, sem sentir, apenas consumindo tudo sem pensar no próximo, banalizando a vida, sem planejar um futuro sólido profissionalmente e a elevação intelectual que nos dá mais chances de melhor qualidade de vida....

Enquanto nossa atual sociedade consome vorazmente tudo isso , a vida passa por entre as noitadas, e o futuro logo já será presente... E como será o presente dos nossos jovens quando o futuro chegar? Fica a pergunta para todos nós que ainda queremos mais da vida....
Greice Targino.

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