A juventude brasileira cada vez mais ouve um tipo de
música com refrão fácil de decorar, aqueles que falam sobre o desejo sexual,
traição e o ato sexual imediato, carros caríssimos, roupa de marca, bebidas, o
desejo de vingança por ter sido traído, ou de vingança por ser trocado por
outra pessoa, além de reforçar
outros comportamentos que se tornaram símbolos de uma sociedade sem
sucesso afetivo, mas que também falam sobre ostentar um poder aquisitivo que a
maioria das pessoas não atingiram. Para muitos jovens, ser pós-moderno é ser
assim, ouvir isso... A música reflete aspectos sociais que se originam em
comportamentos e originam outros, a música então reproduz símbolos sociais.
Propagados pela música, os comportamentos dessa
juventude que cultua ao sexo, a farra, apoia a vingança afetiva e espalham
também muitos erros de português, representando ainda uma sociedade que vive de
aparências e não aceita receber um não, e
estes jovens geralmente sustentados
pelos pais, e por sinal, pais em sua maioria assalariados , e muitos destes pais já não tem controle sobre seus filhos,
aqueles que passam a noite na farra com os amigos, dentro de carros com
paredões que estouram a ordem das ruas por onde passam, desrespeitando o
direito dos que desejam silêncio, filhos também que no exercício desta
liberdade pós-moderna, estão em contato com as drogas, sexo livre e
inconsequente, se relacionando rapidamente com pessoas que são rapidamente
descartadas, pois a juventude de hoje consome tudo muito rápido, como se tudo
fosse descartável, assim como fazem com as músicas que ouvem nas noitadas:
ouviu, curtiu, farreou, pegou a gata, tá
na moda, já foi moda, já era, tchau!.
Músicas desse tipo, simbolizam um novo perfil comportamental
e ideológico de muita gente por aí: “eu posso fazer tudo”, mas não me preocupo
muito com o futuro, minha ideologia é o momento, farra, curtição, ter grana
para gastar e atrair pessoas para o ato sexual, ostentar a imagem do garanhão
pegador ou da pegadora, uma pessoa com recursos financeiros para bancar a farra e se mostrar no meio social como o (a)
poderoso (a) do grupo e do local...
Já tivemos ideologias melhores, comportamentos mais conscientes
e evoluídos, sentimentos mais nobres, e consequentemente,
fruto de uma sociedade que desejava um futuro sólido, uma sociedade mais justa,
mais consciente, diferente desta sociedade individualista, frágil, ferida (por
não saber lidar com as desilusões e escolhas frustrantes as quais vivenciaram,
coisas que fazem parte do nosso processo de amadurecimento natural), uma
juventude que não sabe receber um não, uma sociedade que ao crescer, se
apresenta como adultos frágeis, imaturos, fúteis, alienados, intocáveis, egoístas, egocêntricas e alienados,
geralmente, filhos cujos pais não souberam impor limites, pois os pais de hoje
dizem não aos filhos e voltam atrás, com remorso ou medo de fazer suas crianças
sofrerem ou deixarem de amar aos pais, assim, nossos jovens crescem sem
orientação, limites, respeito aos demais, ao meio ambiente e a si próprios, sem
ideologia ou planejamento para o futuro.
Esta sociedade que até agora devora seus próprios símbolos
irrefletidamente, como a música atual bem representa nas letras que os jovens
ouvem nas noitadas nas quais seguem agindo instintivamente, utilizando os bens
naturais, materiais e dos afetos alheios sem pensar, sem sentir, apenas
consumindo tudo sem pensar no próximo, banalizando a vida, sem planejar um
futuro sólido profissionalmente e a elevação intelectual que nos dá mais chances
de melhor qualidade de vida....
Enquanto nossa atual sociedade consome vorazmente
tudo isso , a vida passa por entre as noitadas, e o futuro logo já será
presente... E como será o presente dos nossos jovens quando o futuro chegar? Fica
a pergunta para todos nós que ainda queremos mais da vida....
Greice Targino.
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