Vivemos dias onde “a cultura da descartabilidade” prevalece sem que a maioria reflita sobre isso, já que não percebe, devido à superficialidade e alienação da maioria das pessoas que tem se tornado cada vez mais incapaz de olhar para as necessidades da própria alma e atendê-la com o que realmente ela precisa. A cultura da dascartabilidade banaliza as vivências, os gestos, as palavras, os sonhos, os desejos, os atos... E a superficialidade reina no mundo dos “animais racionais...”
Se fossemos profundos, se fossemos concientes e humanos verdadeiramente, lembrariamos do que o mestre Jesus, aquele que inspirou a religião dominate no Ocidente – O Cristianismo- ensinou: “O outro é o meu próximo, o meu semelhante, não devo fazer com ele o que não quero que seja feito a mim.”
A banalização das vivências... Namorar, aprofundar-se no outro e em sí mesmo, isso quase ninguém faz mais. Beijo na boca tornou-se algo banal, perdeu seu sentido sagrado de “Eu me entrego a tí, minha alma e a tua se mesclam em segredos mais profundos que estão velados na alma...Deixa eu te descobrir e descubra-me!”
Hoje, beijar na boca é como tomar um gole de bebida alcólica só para aliviar a tensão, passar o tempo, sentir um sabor diferente que vai nos deixando mais leves ou mais quentes... E depois, será liberada de nós, naturalmente, sem reflexão alguma... Passou o barato, tudo bem... Amanhã tem mais!
Nessa cultura do descartável, a consciência alienada, voltada apenas para o “EU” de quem usufrui e descarta, não permite perceber a diferença entre um copo de vinho e uma pessoa com quem acaba de “ficar”. “O copo de vinho” não tem intelecto, não tem sentimentos, será eliminado pelo corpo após seu efeito inebriante, sem ser afetado em sua memória, pois, inexiste. A bebida não tem nada disso, mas o ser humano tem.
Se aquele beijo foi bom, se o toque ultrapassou a sensibilidade da pele e alcançou a alma, ah! Certamente aquela pessoa vai lembrar... Pode até lembrar por mais do que uma noite, uma semana, um mês...
E vai querer mais, não apenas por que quer o melhor que ela imagina que você pode dar e sim porque quer dar o melhor de sí a você!
É dificil conscientizar a juventude atual sobre coisas como esta. Geralmente,são compreendidas como antiquadas ou ideologia de fundo religioso. Não é isso! É uma questão de SER HUMANO! Essa cultura da descartabilidade é semelhante à compulsividade. Você precisa de um doce para calar sua necessidade momentânea de sentir-se tranquilo, saciado. Os doces tem um efeito que nos deixam lentos, mais calmos devido ao encontro da insulina com o triptofano que se transforma em serotonina. Mas, o efeito vai passar e então? Queremos mais! O que a fome por doce esconde? Carências, compulsividades, nervosismo... É sempre algo que precisa ser acalmado em nós.
Saindo do açúcar, volto para nós; a humanidade compulsiva por prazer! A maioria de nós está doente da alma e preferem saciar momentâneamente a sua fome de prazer, do que saciar de vez a causa de tudo isso: a fome de amor pleno, mútuo e real.
Como saber se seria amor, se nós ainda agimos e esperamos apenas pela paixão? Se a fome for por feijão, arroz diminuirá a fome, mas, ela voltará mais rápido. Se nossa fome for por duas colheres de doce de goiaba, a gelatina é uma alternativa, mas, mais tarde o seu cérebro vai querer a goiabada de modo mais intenso.
O que quero dizer é que, se não acharmos realmente o que buscamos, nossa fome nunca passará e é por isso que cada vez mais a sociedade não percebe que não sabe exatamente o que quer. Está alienada! Então, recebe qualquer coisa, de qualquer modo, qualquer pessoa. Estamos tão cegos pela banalização dos indivíduos e de nós mesmos, que não percebemos a essência do outro, nem saberiamos perceber, já que estamos olhando apenas para fora de nós e do outro, e por isso, podemos deixar de passar em um rápido instante alguém que poderia marcar a nossa alma, a nossa história, não digo que para sempre, mas ao menos por um tempo bem maior do que uma noite.
Estejamos atentos e abertos ás oportunidades que a vida traz. Saia da superficie de sí e mergulhe fundo no que o seu coração pede para conhecer um pouco mais. Não tenha medo. Você vai saber voltar, caso não encontre o tesouro que precisa encontrar. Um dia, você encontrará (ou será encontrado)!
E eu, desde já torço muito por isto!
Greice Targino (*).
( Radialista: Reg. Prof. nº 2.670-D.R.T.-PB e acadêmica de História-U.E.P.B. C. III)
(Sexta-feira, 06-08-2010, ás 02:04 h).
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